Violência na Escola

 

 

VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UM OLHAR PEDAGÓGICO

 

 

Francis Paul Martins Nascimento1

Iarê Lucas Andrade2

 

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1 Graduado em Educação Física e Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Pós-Graduado em Educação Física Escolar pela Faculdades Integradas de Patos - FIP. Curriculum lattes: 2503982457948011. E-mail: paulhand@bol.com.br.

2 Graduado em História pela Universidade Regional do Cariri -URCA, Especialista em História Moderna Contemporânea pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais -PUC-MG, Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, Doutor em História pelo Programa História, Ideologias e Culturas Políticas Contemporâneas da Universidade de Sevilla/Espanha. Professor Efetivo Adjunto da Universidade Regional do Cariri.

 

 

 

 

Introdução

 

Atualmente verifica-se, através dos principais meios de comunicação, registros de atos violentos em meio aos diferentes segmentos da sociedade brasileira. Ações que envolvem atitudes violentas nos campos doméstico, escolar, nos bairros, entre regiões e nações, são observadas e analisadas pelos mais diversos olhares sociológicos e educacionais.

 

A escola, enquanto espaço de socialização do saber, de troca de experiências, sob os vários aspectos da formação do educando e considerada como uma extensão da família, deve utilizar todos os momentos de contato com os pais para se debater os assuntos que dizem respeito ao satisfatório desempenho da escola e a sua parceria com a família.

 

No universo escolar, é comum perceber crianças e adolescentes, sem destacar o ensino superior, cometendo infrações que se caracterizam por ações verbais, físicas, pichações e bullying sem nenhum motivo aparente que justifique tais atitudes ou comportamentos. A criança e o adolescente, sendo vítimas da violência, além de reproduzi-las, podem desenvolver práticas de uma reação violenta, possibilitando uma brusca mudança de comportamento.

 

Por se caracterizar como uma pesquisa bibliográfica, o presente trabalho estrutura-se por meio de consultas a diferentes fontes de pesquisa, como artigos científicos, revistas, livros e a sites que tratem especificamente do tema escolhido. Assim, a importância deste estudo fomenta a busca por novos conhecimentos acerca da violência na escola.

 

 

 

VIolência: causas e conseqüências

 

 

Em pesquisas realizadas por Souza (2008) e publicadas em artigo sobre as causas e as consequências de manifestações violentas na escola, verifica-se que cotidianamente convive-se com diversas modalidades de violência, visíveis ou disfarçadas, variando inclusive a intensidade das ocorrências.

 

As formas e o grau das ações violentas variam, porém suas marcas são profundas para aqueles que são vitimados. Cada vez mais perceptível na sociedade, o fenômeno da violência, seja urbana, policial, familiar ou escolar, tornou-se objeto de estudo e tem ocupado grande parte das reflexões de profissionais dedicados à análise dos fenômenos sociológicos.

 

Sabe-se que a violência não se restringe apenas ao homem contemporâneo, ela acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos.  

 

Para Souza (2008) citando Odália (2005), não se pode deixar de reconhecer que uma das condições básicas da sobrevivência do homem, num mundo hostil, foi exatamente sua capacidade de produzir violência numa escala desconhecida pelos outros animais.

 

Para Souza (2008) o que se depreende de tal consideração é que, historicamente, a agressividade é inerente ao ser humano, que busca satisfazer suas necessidades básicas e subsistir em uma sociedade adversa. Diferente dos animais, que manifestam seus instintos apenas quando são ameaçados em seus interesses vitais, o homem manifesta impulsos agressivos para investimentos destrutivos, entre seres da mesma espécie, quando outros meios de soluções poderiam ser empregados.

 

O uso da violência, como meio para resolver conflitos pessoais, significa, por parte dos homens, deixar de utilizar o instrumento que os diferenciam dos outros animais, o diálogo. Contudo, mais que um aspecto histórico e intrínseco ao ser humano, importa refletir sobre os motivos que desencadeiam ações de violência ( Souza, 2008).

 

Sem querer retroceder a uma análise histórica minuciosa do fenômeno, é preciso reconhecer que a violência está arraigada nos passos e nos gestos do homem, mas é, sobretudo, um fenômeno típico dessa época, um traço que caracteriza acentuadamente o tempo atual; nesse sentido, interessa-se compreender a violência e suas manifestações, na era contemporânea. Torna-se necessário conhecer alguns tipos e formas, classificados como: violência original, institucionalizada, doméstica, familiar que se apresentam nas formas de violência física e psicológica( Souza, 2008).

 

Diante desse quadro de constatação da violência, no sentido original, tem-se, como já assinalado, a consideração do fenômeno como algo histórico, variando de acordo com os contextos sócio-culturais. Quanto à sua forma original, o que se tem é a que se exprime pela agressão física, praticada por indivíduo/grupo, contra indivíduo/grupo, com objetivo de causar dano, dor ou sofrimento e até a morte.

 

Essa violência está presente em todas as classes sociais e em todos os espaços ocupados pelo homem. É um fenômeno que se apresenta como intrínseco ao ser humano que, na luta cotidiana, gera relações de violência, tornando-se algo institucionalizado por grupos sociais, de maneira sancionada ou tolerada. Como o próprio nome já diz, a violência institucionalizada ocorre dentro das instituições: familiar, escolar, religiosa, de trabalho, esportiva, dentre outras. Contudo, seja qual for o espaço em que ela se apresente, existe um traço comum caracterizado pela imposição de algo de um grupo para outro (Souza, 2008).

 

 

 

Violência na escola : enfrentando desafios

 

 

O desafio de se enfrentar a violência principia a partir da compreensão  e do lidar no Brasil, com sua face violenta. Este tema informa a fala das pessoas no cotidiano, aparece de forma espetacular na midia. Permeia os discursos políticos, provoca ações de políticas publicas. Produz pesquisas, debates. Exige tomada de posições.

 

Lida-se com a quebra de um mito ou, segundo Marilena Chaui (2007,pg 100), de um preconceito que fomenta a idéia de que o brasileiro não é violento:

 

 

Um dos preconceitos mais arraigados em nossa sociedade e o de que “o povo brasileiro e pacifico e não violento por natureza”, preconceito cuja origem e antiquíssima, datando da época da descoberta da America, quando os descobridores julgavam haver encontrado o Paraiso Terrestre e descreveram as novas terras como primavera eterna e habitadas por homens e mulheres em estado de inocência. E dessa “Visao do Paraiso” que provem a imagem do Brasil como “pais abençoado por Deus” e do povo brasileiro como cordial, generoso, pacifico, sem preconceitos de classe, raça e credo. Diante dessa imagem, como encarar a violencia real existente no pais? Exatamente não a encarando, mas absorvendo-a no preconceito da não violência.  

 

 

O fenômeno da violência no cenário escolar é mais antigo do que se pensa. Prova disso é o fato de ele ser tema de estudo nos Estados Unidos desde a década de 1950. Com o passar do tempo, ele foi ganhando traços mais graves e transformando-se em um problema social realmente preocupante.

 

Hoje, relaciona-se com a disseminação do uso de drogas, o movimento de formação de gangues – eventualmente ligadas ao narcotráfico – e com a facilidade de portar armas, inclusive as de fogo. Tudo isso tendo como pano de fundo o fato de que as escolas perderam o vínculo com a comunidade e acabaram incorporadas à violência cotidiana do espaço urbano.

 

Com as mudanças comportamentais, características do século XXI, percebe-se que até o foco dos estudos atuais difere do dos antigos. Antes, esse tipo de violência era tratado como simples questão disciplinar. Depois, passou a ser analisada como delinqüência juvenil. Hoje, é percebida de maneira bem mais ampla, sob perspectivas que expressam fenômenos como a globalização e a exclusão social.

 

Diante disso, as análises precisam ser mais profundas e não se restringir às transgressões praticadas por estudantes ou violências nas relações entre eles. Várias pesquisas no Brasil têm buscado o mapeamento desse fenômeno, assim como as causas e os efeitos sobre os alunos, os professores e o corpo administrativo e técnico das instituições de ensino. Embora sejam estudos ainda incipientes, por focarem, em sua maioria, situações regionais ou localizadas, os resultados obtidos apontam os principais tipos de violência.

 

Os primeiros estudos brasileiros datam da década de 1970, quando pedagogos e pesquisadores procuravam explicações para o crescimento das taxas de violência e crime.

 

Na década de 1980, enfatizavam-se ações contra o patrimônio, como as depredações e as pichações. Já na maior parte da década de 1990, o foco passa a ser as agressões interpessoais, principalmente entre alunos.

 

Nos últimos anos do século XX e nos primeiros do século XXI a preocupação com a violência nas escolas aumentou e tornou-se questionável a idéia de que as origens do fenômeno não estão apenas do lado de fora da instituição – ainda que se dê ênfase, em especial, ao problema do narcotráfico, à exclusão social e às ações de gangues.

 

A maioria dos estudos de larga escala, realizados ao longo dos últimos anos pelos principais organismos internacionais, procurou explorar os contextos violentos que emergiam no ambiente escolar, a percepção de atores internos e externos, regionalidades e o tamanho dos municípios.

 

O que é caracterizado como violência escolar varia em função do estabelecimento, de quem fala (professores, diretores, alunos etc.), da idade e provavelmente do sexo. Não existe consenso em torno do seu significado.

 

Souza(2008) amplia o conceito, classificando-o em três níveis: violência (que inclui golpes, ferimentos, roubos, crimes e vandalismos, e sexual), incivilidades (humilhações, palavras grosseiras e falta de respeito) e violência simbólica ou institucional compreendida, entre outras coisas como desprazer no ensino, por parte dos alunos, e negação da identidade e da satisfação profissional, por parte dos professores.

 

Os termos para indicar a violência também variam de um país para outro. Nos Estados Unidos, diversas pesquisas usam delinqüência juvenil. Na Inglaterra, alguns autores defendem que o termo violência na escola só seja empregado no caso de conflito entre estudantes e professores ou em relação a atividades que causem suspensão, atos disciplinares e prisão.

 

Apesar das diferenças entre os países, há um consenso quanto ao fato de que não apenas a violência física merece atenção. Outros tipos de violência podem ser traumáticos e graves.

 

Para entender o fenômeno da violência nas escolas, é preciso levar em conta fatores externos e internos à instituição de ensino. No aspecto externo, influem as questões de gênero, as relações raciais, os meios de comunicação e o espaço social no qual a escola está inserida. Entre os fatores internos, deve-se levar em consideração a idade e a série ou o nível de escolaridade dos estudantes, as regras e a disciplina dos projetos pedagógicos das escolas, assim como o impacto do sistema de punições e o comportamento dos professores em relação aos alunos (e vice-versa) e a prática educacional em geral.

 

Segundo Eric Debarbieux, um dos fundadores do Observatório Europeu de Violência Escolar, na Universidade de Bordeaux, a escola está mais vulnerável a fatores e problemas externos, como o desemprego e a precariedade da vida das famílias nos bairros pobres (Souza, 2008).

 

No livro La Violence à l’École: Approaches Européenes ele menciona ainda o impacto da massificação do acesso à escola, que passa a receber jovens afetados por experiências de exclusão e de participação em gangues. Esses fatores externos de vulnerabilidade se somam àqueles decorrentes do aumento das condutas inadequadas ou não usuais na escola.

 

Embora os fatores externos tenham impacto e influência sobre a violência escolar, é preciso reconhecer que dentro da própria escola existem possibilidades de lidar com as diferentes modalidades de violência e de construir culturas alternativas pela paz, adotando estratégias e capital próprios.

 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (UNICEF), por exemplo, entende que a questão da violência nas escolas deve ser tratada sob a perspectiva da garantia de direitos e da qualidade da educação. Isso significa que as escolas, assim como os serviços de saúde, a assistência social, os Conselhos Tutelares e outros mecanismos e instituições, são vistas como “agentes protetores” das crianças e dos adolescentes. Ou seja, têm um papel estratégico na defesa dos direitos dessa faixa etária.

 

Outros aspectos que podem ser considerados como determinantes, ao se fazer uma análise sobre a violência na escola, direcionam-se às práticas discriminatórias no tocante às questões étnicas.

 

Embora institucionalmente silenciada, a violência relacionada a práticas discriminatórias resultantes de preconcepções quanto à raça mostra-se evidente na comunidade escolar. É comum perceber que muitas pessoas, principalmente alunos, sofrem esse tipo de manifestação negativa.

 

Acerca da literatura específica com relação à discriminação por conta da cor da pelo, verifica-se a existência de preconceito na escola até mesmo contra uma estudante branca, que se percebe discriminada pelos colegas negros.

 

Além do acesso diferenciado segundo a dependência administrativa das escolas, brancos e não-brancos também se distinguem pelos turnos de estudo. Os maiores percentuais de não-brancos estão no turno da noite.

 

De fato, existe, por parte de vários alunos, de membros do corpo técnico-pedagógico e de pais, o reconhecimento de que há preconceito racial nessa instituição. Este destaca-se principalmente, pelos que são ou já foram vítimas desse problema, aos quais são dirigidas palavras como “negona”, “molambo”, “fedorenta” e “cabelo de bombril”.

 

Os exemplos trazem evidências de que predomina a ideologia pela qual se associam padrões de beleza a características de brancos. Não resta dúvida de que existe hostilidade racial e de que ela pode prejudicar a trajetória escolar da vítima ao criar um estigma contra ela e marginalizá-la.

 

Observa-se que a existência de características pautadas na falsa democracia racial, quando se nota que não ocorre preconceito em algumas escolas denominadas de privadas, devido ao fato de existirem poucas pessoas negras no ambiente escolar. Essa é uma expressão de racismo estrutural, pelo acesso diferenciado de brancos e negros a escolas da rede pública e da privada.

 

Na literatura sobre o tema no Brasil, é comum destacar-se o fato de que o racismo é realizado por formas complexas, não sendo sequer admitido conscientemente pela maioria da população. Em um primeiro momento, também é difícil detectar práticas ou comportamentos que se caracterizem por padrões racistas nas escolas.

 

No que se refere à violência nas instituições escolares, é possível considerar que ela é inerente à ação pedagógica e não acontece somente dentro da instituição escolar, funcionando como mecanismo de reprodução das condições de dominação e subordinação de determinadas camadas, grupos ou classes. Deste modo, a escola torna-se um local de reprodução das relações e da hierarquia social, como espaço favorável para reproduzir valores, padrões de comportamentos e modos de se vestir, sentir e agir, sempre de acordo com os grupos dominantes, colaborando para o aumento da desigualdade social.

 

A escola socializa o indivíduo de maneira repressiva/coercitiva, reprimindo determinadas idéias e comportamentos, tornando-se violenta. A violência institucional escolar possui duas formas básicas: a violência disciplinar e a cultural (simbólica).

 

Segundo Viana (2002)  citado por Souza (2008), especifica que  a violência disciplinar prepara o indivíduo para atuar em qualquer outra instituição disciplinar [utilizando-se] da metodologia de vigilância hierárquica, sanção normatizadora e do exame. Esses são meios necessários para manter a ordem, a hierarquia e as regras.

 

Quanto à violência cultural e/ou simbólica, primeiramente, é preciso considerar que, segundo Araújo (2002) o ser humano não se faz sozinho, sem a sociabilidade que o inclui no mundo da cultura. Nesse sentido, uma vez que o homem vive em sociedade e a partir dessa vivência adquire cultura, o que permite considerar que a violência cultural se dá numa relação onde determinado grupo impõe a outro, idéias e valores culturais. Nessa linha argumenta Moreira (2008) que  a agressão simbólica é aquela imposta pela sociedade dominante e que faz com que o indivíduo menos privilegiado, aceite como natural à dominação.

 

No âmbito escolar, esse tipo de violência ocorre levando em consideração que a escola é uma instituição que exerce a função de reproduzir idéias e normas sociais favoráveis à classe dominante, que se apoiam no exercício da autoridade, utilizando-se de conteúdos, programas, avaliações( Souza, 2008).

 

A imposição da violência cultural, como informa Viana (2002) está presente nas grades curriculares, programas, livros e textos adotados, bem como no discurso da burocracia e dos membros do corpo docente.

 

Dentro da tipologia estabelecida, atualmente, convive-se de perto com as violências doméstica e familiar. O que se considera violência cultural ou simbólica, ocorre no ambiente doméstico e familiar. No processo de socialização, as crianças sofrem, pelos pais, ações que impõem ordem e limites que, embora necessários, enquanto padrões de comportamentos denotam certa violência.

 

 

 

Considerações finais

 

 

Diante do exposto, o tema desenvolvido despertou um maior interesse para se compreender os meandros da relação pedagógica entre a família e a escola, bem como os desafios encontrados por essas duas instituições no tocante às causas e as consequências da violência na escola.

 

Buscou-se uma análise mais profunda sobre o papel dos pais, enquanto educadores, e da escola, enquanto fomentadora dos conhecimentos sistematizados e o enfrentamento com a violência.

 

O presente estudo permitiu, ainda, observar o fenômeno da violência como algo presente entre as pessoas em todos os lugares e que atinge todas as classes sociais. A violência está de tal modo enraizado no homem moderno, que não se pode deixar de reconhecer que é fenômeno típico de nossa época, sempre presente e com as mais variadas faces. Seu crescimento se dá na mesma proporção que diminui as oportunidades de qualidade de vida, incluindo as condições básicas.

 

No âmbito escolar, aqui abordado com veemência, a manifestação da violência se torna cada vez mais frequente entre os jovens. Tal fenômeno, no âmbito desse trabalho, foi considerado como associado ao ambiente extra escolar, o qual promove transformações.

 

Dessa forma, as abordagens em torno do tema foram orientadas no sentido de contribuir para uma tomada de consciência, de reflexão, sobre o que pode ser feito, sobre a complexidade que o fenômeno constitui, bem como para amenizar a violência, promovendo o conhecimento de fatos até então desconhecidos.

 

 

 

Referências

 

 

CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. São Paulo: Ática, 2007.

 

MOREIRA, Camila S. A inter-relação das drogas com a violência nas escolas.

 

ODÁLIA, T. Escola e violência. São Paulo: Artmed, 2008.

 

SOUSA, C. Violência nas escolas. Sorocaba: Editora Minelli, 2008.

 

VIANA, Nildo. Escola e violência. In: VIANA, N.; VIEIRA, R. (Org.). Educação, cultura e sociedade: abordagens críticas da escola. Goiânia: Edições Germinal, 2002.