ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA: UM ESTUDO DE REVISÃO
Ana Bruna Macêdo Matos
Ana Carolina dos Santos Rodrigues
Resumo
Este estudo de revisão teve o objetivo de identificar e caracterizar as publicações no campo da oncologia pediátrica, nas bases de dados Scielo e Bireme, entre 2003 e 2008. Os resultados mostraram que 20% dos artigos foram publicados nos ano de 2002, 10% no ano de 2003,30% no ano de 2005,10% no ano de 2006,20% e 2007 e 10% em 2008, em relação ao local de publicação na região nordeste foi encontrado 1 estudo apenas 10% do total na região sul 20%, na região sudeste 70% e na região centro-oeste 10%. Este estudo apresenta limitações, pois não foram investigados trabalhos de dissertações e teses, contudo mostra uma tendência das pesquisas em oncologia no Brasil, mostrando os trabalhos mais atuais, delineando o tipo de método e a titulação dos autores.
Palavras Chave: Oncologia, enfermagem, Saúde
Abstract
This review study aimed to identify and characterize the publications in the field of pediatric oncology, in Scielo and Bireme databases, from 2003 to 2008. The results showed that 20% of the articles were published in 2002, 10% year of 2003.30% in the year 2005.10% 2006.20% in the year and 2007 and 10% in 2008 in the place of publication in the northeast found one study only 10% of the total in the South 20 %, 70% in the Southeast and Midwest 10%. This study has limitations because there were not investigated in dissertations and thesis work, but shows a tendency of oncology research in Brazil, showing the most current works, outlining the type of method and titration of the authors.
Keywords: Oncology Nursing, Health
Introdução
Sabe-se que a doença acomete o ser humano em qualquer faixa etária e, dependendo do membro da família que adoece e de suas características, podem trazer conseqüências graves. Quando isso ocorre com um filho, qualquer que seja o problema, a doença causa ansiedade aos pais, que é ainda mais intensificada quando se trata de uma doença que significa para a sociedade “morte”, como o câncer. (WEISMAN, 1979).
O aspecto crônico do câncer diferencia estas crianças das demais, pois têm um período de tratamento longo, com internações freqüentes, separação da família, perda das atividades educacionais e recreacionais, podendo apresentar reações de agressividade e/ou depressão, gerando traumas para toda a família.
O sentimento de insegurança, medo, desespero e perda invadem a criança e principalmente sua família, que diante dos acontecimentos, luta com os recursos disponíveis para que o tratamento obtenha sucesso. A família se defronta com muitas dificuldades durante o tratamento da criança com câncer: uma delas é ajudar a criança a transpor as situações de sofrimento físico e emocional que a doença acarreta; outra dificuldade é manter a interação saudável entre os familiares. (LIMA, 1995).
De acordo com Lima, (1995) qualquer ajuda de ordem prática e emocional, trará grandes benefícios para a família neste momento crucial, pois deste modo os pais poderão compartilhar integralmente o tratamento de seu filho. O apoio ao núcleo famíliar podem chegar de várias formas: através da própria atitude dos profissionais de saúde que cuidam das crianças, manifestando solidariedade; ou através do apoio e compreensão dos demais membros da família.
Ressalta-se a importância do preparo da equipe de enfermagem, para que possa proporcionar todo o apoio necessário. Esse preparo consiste, além das habilidades técnicas instrumentais, as habilidades de relacionamento interpessoal e de consideração pela criança e sua família. (COSTA; LIMA, p. 43, 2002).
O profissional de enfermagem deve promover um atendimento interacional, onde haja troca de idéias a respeito do plano terapêutico; adequando o conceito sobre o câncer. Por isso, deve-se priorizar o preparo da equipe, no sentido de dar-lhe subsídios, teórico-práticos para que a assistência a criança com câncer possa ser uma condição trabalhada conscientemente, no sentido de facilitar e aprimorar o cuidado.
Uma equipe de enfermagem atenta a todos os aspectos gerados pelo câncer infantil tornaria possível proporcionar apoio com segurança, que reverterá em benefícios para todos os envolvidos. (CONCONE, 1983). Portanto, compreende-se que a realização de estudos acerca da temática “oncologia pediátrica” pode significar um reflexo da atuação da enfermagem nessa área específica.
Este estudo busca fazer uma revisão acerca dos principais métodos utilizados para pesquisa em oncologia pediátrica.
A relevância deste reside na investigação da situação da pesquisa de enfermagem em oncopediatria. Como aspecto relevante ao melhoramento da assistência a essa clientela uma vez que permite a divulgação e troca de conhecimento dentre os que atuam na área ou busquem compreendê-la.
Sendo assim a pesquisa servirá como fonte de pesquisa para aqueles que também vierem procurar respostas para essa pergunta e desejarem abastecer-se de conhecimento.
Objetivo geral
Buscar na revisão os principais métodos utilizados para a pesquisa em oncologia pediátrica.
Objetivos específicos
Observar qual o ano de publicação dos artigos
Verificar as principais bases de dados de indexação dos artigos
Identificar titulação dos pesquisadores sobre esta temática
Revisão de literatura
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.
Epidemiologia
Para descrever a epidemiologia do câncer em uma população é necessário conhecer sua incidência, mortalidade e sobrevida. A incidência é conhecida pelos registros de câncer de base populacional, que através de um processo contínuo e sistemático de coleta de dados registra todos os casos novos de câncer que ocorram em uma determinada população de uma área geográfica definida.
A mortalidade é conhecida utilizando-se as informações dos bancos de dados de registros vitais. A sobrevida pode ser estudada por meio de registros populacionais, registros hospitalares e estudos clínicos controlados. Os estudos clínicos consistem no “padrão ouro” para avaliar o tratamento e, junto aos registros hospitalares, representam somente uma parte da população selecionada, pois dependem de padrões de encaminhamento hospitalar e critérios de elegibilidade dos pacientes.Já os estudos baseados em registros populacionais são essenciais para medir o impacto do tratamento e do sistema de saúde do país ou região.
O câncer infanto-juvenil (abaixo de 19 anos) é considerado raro quando comparado com os tumores do adulto, correspondendo entre 2% e 3% de todos os tumores malignos. Estimativa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o biênio 2008/09 revela que ocorrerão cerca de 9.890 casos por ano em crianças e adolescentes com até 18 anos de idade (INCA, 2007).
O Brasil possui uma população jovem. A estimativa populacional para o ano de 2007 apontou que 38% da população brasileira encontrava-se abaixo dos 19 anos (Minstério da Saúde, 2008).
Em países desenvolvidos, o câncer pediátrico é a segunda causa de óbito entre 0 e 14 anos, atrás apenas dos acidentes (LITTLE, 1999). Atualmente, se destaca como a mais importante causa de óbito nos países em desenvolvimento. Isto talvez se deva às atuais políticas de prevenção em outras doenças infantis.
As taxas de mortalidade por câncer são as melhores medidas do progresso na luta contra o câncer (Extramural Committee to Access Measures of Progress Against Cancer, 1990). No Brasil, em 2005, a mortalidade por câncer em crianças e adolescentes com idade ente 1 e 19 anos correspondeu a 8% de todos os óbitos, colocando-se, assim, como a segunda causa de morte nesta faixa etária. Considerando-se que a primeira causa de mortalidade refere-se às causas externas, como acidentes e violências, entende-se que a mortalidade por câncer é, atualmente, a primeira causa de morte por doença nesta população.
Tal constatação implica relacionar esse perfil de óbitos à organização específica dos serviços de saúde, particularmente da rede de atenção à saúde da criança e do adolescente, trazendo novos desafios para a atenção oncológica e o Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao câncer infantil corresponde um grupo de doenças (tumores sólidos e doenças sistêmicas) que têm em comum a proliferação desordenada e descontrolada de células anormais, comprometendo tecidos e órgãos.
Cânceres na infância
O câncer infanto-juvenil deve ser estudado separadamente do câncer do adulto por apresentar diferenças nos locais primários, diferentes origens histológicas e diferentes comportamentos clínicos. Tende a apresentar menores períodos de latência, costuma crescer rapidamente e torna-se bastante invasivo, porém responde melhor à quimioterapia.
A maioria dos tumores pediátricos apresentam achados histológicos que se assemelham a tecidos fetais nos diferentes estágios de desenvolvimento, sendo considerados embrionários. Essa semelhança a estruturas embrionárias gera grande diversidade morfológica resultante das constantes transformações celulares, podendo haver um grau variado de diferenciação celular.
Por essa razão, as classificações utilizadas nos tumores pediátricos diferem das utilizadas nos adultos, sendo a morfologia o principal aspecto considerado. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC – International Agency for Research on Cancer) propôs uma classificação descrita por Birch e Marsden (1987), modificada por Kramarova e Stiller (1996) e utilizada atualmente pelos registros populacionais.
Em 2005, uma terceira edição foi publicada com pequenas modificações com base nas mudanças da terceira edição da Classificação Internacional de Doenças para Oncologia – CID-O3 (STELIAROVA-FOUCHER, 2005). Nessas classificações foram incluídos os tumores de sistema nervoso central benigno. O INCA, através da Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev), da Coordenação de Pesquisa (CPq) e da Seção de Oncologia Pediátrica, após autorização dos autores traduziram o artigo com a classificação atualizada
O câncer infantil não pode ser considerado uma simples doença, mas sim como uma gama de diferentes malignidades. Esse tipo de câncer varia de acordo com o tipo histológico, localização primária do tumor, etnia, sexo e idade. Encontram-se abaixo descritas informações sobre cada grupo da Classificação Internacional do Câncer na Infância (CICI).
Grupo I: Leucemia
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: I.a. Leucemia linfóide; I.b. Leucemia não linfocítica aguda; I.c. Leucemia mielóide crônica; I.d. Outras leucemias especificadas; I.e. Leucemias não especificadas.
As leucemias são o tipo de câncer infantil mais comum em menores de 15 anos na maioria das populações, correspondendo entre 25% e 35% de todos os tipos, com exceção à Nigéria, onde esse percentual é de 4,5% (PARKIN, 1988). Informações do SEER revelaram que de todos os casos de câncer em menores de 15 anos, as leucemias representaram 31% e em menores de 20 anos, 25% (SMITH, 2002).
A incidência manteve-se inalterada nos últimos 30 anos e as taxas de mortalidade declinaram acentuadamente, refletindo a melhora do tratamento (LAVECCHIA, 1998).
Grupo II: Linfomas e neoplasias retículo-endoteliais
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: II.a. Doença de Hodgkin (DH); II.b. Linfomas não-Hodgkin (LNH); II.c. Linfoma de Burkitt; II.d. Miscelânias de neoplasias linfo-reticulares e II.e Linfomas não especificados. Correspondem ao terceiro tipo de câncer mais comum em crianças norteamericanas, após as leucemias e os tumores do sistema nervoso central (LITTLE, 1999). Já nos países em desenvolvimento correspondem ao segundo lugar, ficando atrás apenas das leucemias (Braga, 2002).
A adenopatia é uma queixa freqüente nos consultórios pediátricos e, na maioria das vezes, corresponde a processo benigno. A indicação precoce da biópsia é controversa, uma vez que se trata de um procedimento invasivo que muitas vezes necessita de anestesia.
Em países em desenvolvimento, a incidência de doença metastática é maior. Na Nicarágua, 20% das 45 crianças portadoras de linfoma de Hodgkin (LH ou Doença de Hodgkin – DH) apresentavam metástases ao diagnóstico (Baez, 1996).
Os linfomas não-Hodgkin (LNH) que ocorrem nas crianças correspondem a um grupo heterogêneo com diversos tipos histológicos, sendo mais comum o tipo Burkitt. Segundo informações do SEER, a incidência permanece constante na faixa etária entre 5 e 14 anos, porém a incidência nos adolescentes de 15 a 19 anos passou de 10,7 por milhão, entre 1975-1979, para 16,3 por milhão no período 1990-1995 (Ries, 1999).
Grupo III: Tumores de sistema nervoso central e miscelânia de neoplasias intracranianas e intra-espinais
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: III.a. Ependimoma; III.b. Astrocitoma; III.c. Tumores neuroectodérmicos primitivos; III.d. Outros gliomas; III.e. Outras neoplasias intracranianas e intra-espinhais especificadas e III.f. Neoplasias intracranianas e intra-espinhais não especificadas.
Estima-se que cerca de 8% a 15% das neoplasias pediátricas são representadas por esse grupo, sendo o mais freqüente tumor sólido na faixa etária pediátrica (LITTLE J, e al 1999).
Nos países desenvolvidos, estes representam o segundo grupo de diagnóstico mais comum na infância, contribuindo com cerca de 19% a 27% das neoplasias. Nos países em desenvolvimento constituem o terceiro mais incidente (LITTLE, 1999).
Sua incidência está aumentando progressivamente e a sobrevida melhorou pouco em relação às outras neoplasias (GURNEY, 1999). Não se sabe se a incidência está aumentando ou se as melhorias no diagnóstico teriam sido responsáveis por este aumento. Desmeulles et al. (1992), revendo uma casuística de tumores de SNC, concluiu que 20% dos tumores não teriam sido diagnosticados na ausência das técnicas de neuro-imagem.
Esse aumento despertou interesse de diversos pesquisadores e alguns autores acreditam que esteja relacionado à introdução de técnicas diagnósticas mais precisas e menos invasivas, enquanto outros demonstram que embora essas mudanças tenham tido um efeito real sobre a incidência há evidências de que há outros fatores etiológicos relacionados, como a possível introdução de carcinógenos .
Grupo IV: Tumores do sistema nervoso simpático
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: IV.a. Neuroblastoma e ganglioneuroblastoma e IV.b. Outros tumores do sistema nervoso simpático. Os tumores do sistema nervoso simpático são responsáveis por 7,8% de todos os cânceres em crianças menores de 15 anos de idade (LITTLE, 1999).
Neste grupo, o tumor mais freqüente na criança é o neuroblastoma. Nos EUA, aproximadamente 700 crianças e adolescentes menores de 20 anos são diagnosticados com tumor de sistema nervoso simpático a cada ano, dos quais aproximadamente 650 são neuroblastomas (RIES, 1999).
O progresso na cura das crianças portadoras de neuroblastoma não foi tão acentuado como o registrado nos outros tumores.
O neuroblastoma é, no mundo inteiro, um grande desafio na realização do diagnóstico com doença localizada. Programas de rastreamento através da dosagem de catecolaminas foram realizados no Japão, nos EUA e na Europa, em diferentes faixas etárias. Entretanto, apesar de demonstrarem um aumento na incidência em estádios iniciais, não houve diminuição da incidência dos estádios avançados nem tampouco da mortalidade. Estes programas de rastreamento do neuroblastoma foram abandonados (YAMAMOTO, et al 1995).
Grupo V: Retinoblastoma
O retinoblastoma (RB), tumor intra-ocular maligno, pode ocorrer de forma familial ou esporádica. Na Europa, América do Norte e Austrália, o retinoblastoma corresponde a cerca de 2% a 4% de todos os tumores na infância. Nos EUA, aproximadamente 11% dos retinoblastomas se desenvolvem no primeiro ano de vida e somente 3% se desenvolvem em crianças até 15 anos de idade (LITTLE, et al 1999).
A incidência aumentou na última década, provavelmente pela propagação do gene pelos sobreviventes da doença. Algumas evidências indicam que o retinoblastoma é mais freqüente em países em desenvolvimento e em regiões tropicais, especialmente na América Latina, África e Ásia, representando de 10% a 15% dos tumores pediátricos (MAGRATH, et al 1997). e Strahlendorf, 1997).
Um estudo referente à presença do vírus HPV no retinoblastoma unilateral sem história familiar foi realizado em 43 crianças procedentes de Campinas. O DNA do HPV tipo 16-35 estava presente em 12 casos (27,9%). A presença foi mais freqüente nos tumores diferenciados (63,3%) e nos maiores estádios, porém investigações mais aprofundadas são necessárias (PALAZZI, 2003).
Grupo VI: Tumores renais
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: VI.a. Tumor de Wilms, tumor rabdóide e sarcoma de células claras; VI.b. Carcinoma renal e VI.c. Tumores renais malignos não especificados. Os tumores renais representam de 5% a 10% de todos as neoplasias infantis (LITTLE, 1999). Destes, 95% são do tipo embrionário, denominado de nefroblastoma ou tumor de Wilms (TW).
Outros tipos histológicos que estão incluídos nesse grupo como o sarcoma de células claras, tumor rabdóide e os carcinomas renais, são raros na infância.
No passado, a incidência do tumor de Wilms era considerada estável, independentemente de etnia, sexo e área geográfica (INNIS, 1973). Mais recentemente notou-se variação geográfica e temporal desta doença com maior incidência na Escandinávia, Nigéria e Brasil, e menor no Japão, Índia e Cingapura (PARKIN, 1988).
Grupo VII: Tumores hepáticos
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: VII.a. Hepatoblastoma, VII.b. Hepatocarcinoma e VII.c. Tumores hepáticos malignos não especificados. Os tumores hepáticos são raros nas crianças, sendo mais freqüente o hepatoblastoma. Cerca de 85% destes tumores ocorrem antes dos cinco anos. O hepatocarcinoma apresenta variações geográficas importantes dependentes da exposição ao vírus da hepatite B. ( STRAHLENDORF, 1997).
As freqüências relativas dos tumores hepáticos encontravam-se distribuídas entre 0,8 a 1,3% na Europa, Austrália e nos Estados Unidos (PARKIN, 1988) e aproximadamente 2,5% no Japão e na Tailândia (SRIAMPOM, 1996).
Na Europa, Austrália e no Japão, as taxas de incidência estão em torno de cinco a sete casos por milhão de crianças e adolescentes (STILLER, et al 2006). Poucos registros de câncer possuem um número de tumores hepáticos suficiente para estimar a razão de incidência por sexo com confiança (KAATSCH, et al 2006).
Grupo VIII: Tumores ósseos malignos
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: VIII.a. Osteossarcoma; VIII.b. Condrossarcoma; VIII.c. Sarcoma de Ewing; VIII.d. Outros tumores ósseos malignos específicos e VIII.e. Tumores ósseos malignos não especificados. Dentre estes tumores, o tumor de Ewing e o osteossarcoma representam 5% dos cânceres que ocorrem na criança (LITTLE, 1999).
Informações dos registros de câncer de base populacional (RCBP) sugerem que a incidência de osteossarcoma seja maior na população negra dos EUA, Itália, Brasil, Alemanha e Espanha (PARKIN, 1988).
Para o Brasil, a incidência do osteossarcoma, na faixa etária entre 10 e 14 anos, foi maior no RCBP de São Paulo (PARKIN, 1993).
Grupo IX: Sarcomas de partes moles
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: IX.a. Rabdomiossarcoma e sarcoma embrionário; IX.b. Fibrossarcoma, neurofibrossarcoma e outras neoplasias fibromatosas; IX.c. Sarcoma de Kaposi; IX.d. Outros sarcomas de partes moles especificados e IX.e. Sarcomas de partes moles não especificados.
Os sarcomas de partes moles correspondem de 4% a 8% de todas as neoplasias malignas na infância (LITTLE, 1999). Os rabdomiossarcomas (RMS) originários da musculatura esquelética são o tipo que mais freqüentemente acomete as crianças.
Houve uma tendência de melhora na sobrevida, de acordo com as informações do EUROCARE, durante os períodos 1978-1981, 1982-1985, 1986-1989 e 1990-1992. Entre 1985 e 1989, a sobrevida em cinco anos na Europa foi de 62% (STILLER, 2001b).
Grupo X: Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras gonadais
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: X.a. Tumores de células germinativas intracranianas e intra-espinhais; X.b. Outros tumores de células germinativas não gonadais e tumores de células germinativas não gonadais não especificados; X.c. Tumores de células germinativas gonadais; X.d. Carcinomas gonadais e X.e.
Outros tumores gonadais malignos e tumores gonadais não especificados. Consistem em um grupo heterogêneo com diversas localizações e tipos histológicos. São tumores relativamente raros, que correspondem de 2% a 4% de todos os tumores da infância (PARKIN, 1988).
Grupo XI: Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: XI.a. Carcinoma de córtex adrenal; XI.b. Carcinoma de tiróide; XI.c. Carcinoma de nasofaringe; XI.d. Melanoma maligno; XI.e. Carcinoma de pele e XI.f. Outros carcinomas e carcinomas não especificados.
A ocorrência de carcinoma em crianças e adolescentes é rara, correspondendo a cerca de 2% dos casos (McWhirter, 1989 e Stiller, 1994). Informações mais recentes do SEER apontam que a incidência de todos os carcinomas em indivíduos com idades menores que 20 anos corresponde a 9,2% dos tumores pediátricos (RIES, 1999).
O carcinoma de tireóide nas crianças e adolescentes é raro, porém sua incidência aumentou sensivelmente com o acidente de Chernobyl, em 1986 (Bard, 1997). A sobrevida nas crianças é superior àquela encontrada nos adultos (Storm, et al 2001).
No registro de câncer do Hospital do Câncer de São Paulo, de 1988 a 1994, os carcinomas na faixa etária entre 0 e 18 anos corresponderam a 6,3% do total, com predominância no sexo feminino e nos brancos. Essa alta freqüência se deve, provavelmente, ao encaminhamento a um centro de referência para tratamento de câncer em crianças e adultos (RIBEIRO, 1999).
Grupo XII: Outros tumores malignos não especificados
Esse grupo de neoplasias corresponde às categorias: XII.a. Outros tumores malignos especificados e XII.b. Outros tumores malignos não especificados. Em um estudo com os RCBP brasileiros, o percentual de tumor mal classificado variou entre 0% a 56,7%. Tal fato pode contribuir para a diferença no perfil da incidência do câncer pediátrico observado no país, sobretudo para os tumores do SNC.(REIS, 2007).
Equipe de Enfermagem, criança com câncer e sua família: uma relação possível.
A experiência de algum parente querido, ou mesmo apenas um conhecido com câncer, costuma despertar sentimentos profundos de dor e angústia. Imaginar que a pessoa doente é uma criança que pode ser um filho ou um neto... Pode gerar culpa e sentimento de impotência por pensar-se responsável pelo aparecimento desta doença, que poderia ter sido evitado de alguma maneira. A dor do diagnóstico é imensa e esta doença está ligada fortemente a outra palavra: A morte. Até duas décadas atrás, isto poderia ser uma grande verdade, mas já observa-se uma mudança devido aos avanços atuais que a medicina tem oferecido.
Ainda enfrenta-se no cotidiano, algumas questões vinculadas à representação social do câncer. Percebe-se que, apesar dos avanços tecnológicos no diagnóstico do câncer. Acredita-se que, somente com uma equipe multidisciplinar especializada no cuidado à criança, haverá condições de minimizar e auxiliar a transposição dessa representação buscando o vínculo e adesão que possibilita à criança fazer parte desse cuidado nessa etapa inicial.
A equipe de enfermagem deve estar capacitada e aberta a esclarecer possíveis dúvidas da criança e de seus familiares, estando ainda preparada para tornar o tempo de especialização o mais agradável possível,tendo em vista que a enfermagem tem maior contato com os pacientes.Uma vez vinculadas a criança e sua família no processo de cuidar,essa trajetória torna-se mais humana e menos traumatizante,possibilitando um restabelecimento mais seguro,inclusive no que se refere aos aspectos emocionais da criança e sua família.
Devido à excepcional vulnerabilidade das crianças com câncer a complicações agudas, o desafio em que se depara a equipe de enfermagem em oncologia pediátrica é bastante significativo. Além do entendimento dos diversos efeitos adversos agudos decorrentes dos tratamentos oncológicos, a assistência em oncologia pediátrica visa á compreensão dos efeitos colaterais (físicos e emocionais), como também promover ações especializadas nos diversos momentos do tratamento da criança.
O desenvolvimento de atividades junto à criança e à família, buscando a manutenção do bem-estar e o manejo de sinais e sintomas causados pelo tratamento, é de fundamental importância para que a equipe de enfermagem tenha conhecimento sobre as drogas utilizadas, seus efeitos adversos, classificação e ação dos agentes e interações entre as drogas. Ela deve estar atenta ao tipo de tratamento, evolução clínica (estágio da doença) e ainda, à história da criança quanto à tolerância aos ciclos anteriores de quimioterapia, quando este tratamento for necessário. Assim a atuação da equipe de enfermagem será eficaz e poderá transmitir mais segurança para a criança e seus familiares.
A assistência de enfermagem em medidas paliativas se definem pelas ações de: Contato físico através do toque, que traz segurança e conforto para a criança; possibilitar à mãe e familiares que segurem a criança no colo, diminuindo o sofrimento muitas vezes causados pela dor; deixar a criança em posição confortável,observando regiões potenciais para formação de úlcera por pressão;aquecer e deixar a temperatura ambiente favorável;utilizar linguagem e tom de voz adequados;evitar manuseio desnecessário;permitir à criança expressar sentimentos de perda e separação através de desenhos,brinquedos;manter sempre analgesia adequada contra a dor e,para tanto,usar técnicas adequadas para avaliação da dor como as escalas de face,por exemplo.Segundo Whaley e Wong(1989,p.36):
[...] a compreensão, a reação e o mecanismo para enfrentar e superar doença e/ou hospitalização de crianças são influenciadas pela importância atribuída aos fatores estressantes individuais (eventos que produzem estresse) em cada fase do desenvolvimento. Os principais fatores são: a separação, a perda do controle e a lesão corporal.
Sabendo que cada criança responde de forma diferente a fatores ou situações extressantes,a nossa equipe de enfermagem tem como maior desafio não só a compreender mas auxiliar nesse enfrentamento,buscando uma assistência mais humanizada e ainda uma relação harmoniosa entre a enfermagem,a criança e sua família.
A pesquisa em enfermagem no Brasil
No Brasil os estudos em oncologia foram iniciados em meados da década de 40, precisamente no ano de 1938, o pioneiro nesse tipo de pesquisa foi o professor Mário Kroeff que juntamente com outros médicos iniciaram as atividades na clinica do Centro de Cancerologia recém inaugurada na cidade do Rio de Janeiro. Passado alguns anos esse centro de referencia no país foi agregado ao Instituto Nacional do Câncer (INCA). (COELHO; GUIMARÃES, 2001).
Outro fato importantíssimo foi à criação da Revista Brasileira de Cancerologia no ano de 1947, visando publicar as pesquisas realizadas no INCA, essa mesma instituição era a responsável pelo periódico. O conhecimento científico é necessário para aplicação das descobertas, de forma pratica ainda mais na aplicação em pacientes com doenças crônicas, como o câncer, contudo ainda existem muitas duvidas acerca das questões relacionadas à oncologia e de uma forma mais ampla em toda a área da saúde, que passa por um processo evolutivo.
O estudo da oncologia se faz necessário, pois fundamenta o conhecimento básico para a prática clínica, assim como indicar medidas e ações preventivas além de identificar os principais problemas na vida dos pacientes e familiares. (MCILFATRICK; KEENEY, 2003).
Metodologia
Tipo de estudo
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória de abordagem qualitativa descritiva, que segundo Andrade(1997), na pesquisa descritiva, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem que o pesquisador manipule e interfira neles.
Critérios de Seleção dos Artigos.
Foi feito um levantamento dos artigos mais acessados pelo Google acadêmico, levando em consideração o tema de oncologia pediátrica, independentemente do tema específico. Foram encontrados em bases de dados com Scielo, Bireme e outros artigos que não informaram indexação.
Aspectos éticos e legais da pesquisa
A pesquisa obedecerá às normas da resolução N º 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, respeitando os aspectos éticos e legais da pesquisa em seres humanos.
Toda pesquisa envolvendo seres humanos realizada no Brasil, somente poderá ser desenvolvida após o consentimento livre e esclarecida dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si só e/ou por seus representantes legais manifestam a concordâcia em participar da pesquisa. (OGUISSO e ZÓBOLI, 2006, p.177)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados foram agrupados em categorias, o ano de publicação, a região onde foi publicado, o tipo de método utilizado e o nome do periódico de publicação. O gráfico 01 mostra o ano de publicação dos artigos.
Como mostra o gráfico 01 percebe-se que 20% dos artigos foram publicados nos ano de 2002, 10% no ano de 2003,30% no ano de 2005,10% no ano de 2006,20% e 2007 e 10% em 2008. Ao analisar os dados acima, verificamos que os maiores números de artigos encontram-se nos anos de 2005 e 2007, sendo que destes foram analisados artigos publicados nos anos de 2002 a 2008; tendo como objetivo principal a relação estabelecida entre enfermeiro, paciente e familiar, diante do processo de terminalidade do paciente oncológico e o tipo de oncologia.
Ao analisar os dados acima, verificamos que os maiores números de artigos encontram-se nos anos de 2006 e 2007, sendo que destes foram analisados artigos publicados nos anos de 2003 a 2007; tendo como objetivo principal a relação estabelecida entre enfermeiro, paciente e familiar, diante do processo de terminalidade do paciente oncológico. O gráfico 02 nos mostra a localidade onde foi desenvolvido o estudo.
Na região nordeste não foi encontrado nenhum estudo em oncologia pediátrica, na região sul 16,6%, na região sudeste 66,6% e na região centro-oeste 16,6%. Percebemos que na região Norte também não foi encontrado nenhum artigo publicado o mesmo acontece no estudo feito por Silveira (2005) onde nenhum artigo foi encontrado também na região norte. Há uma tendência nos estudos em concentra-se nas regiões sul e sudeste, tal fato ocorre por conta das primeiras universidades de enfermagem do país serem dessa região e desde cedo buscam pesquisar sobre os mais variados temas. Em seguida serão apresentados a titulação dos autores dos artigos, sendo divididos por graduandos, especialistas, mestres ou doutores conforme mostra o gráfico 03. Em seguida serão apresentados os métodos mais utilizados na elaboração dos textos científicos, esses dados nos mostram como as pesquisas em enfermagem podem ser e estão sendo desenvolvida.
Encontramos que em todos os artigos existem a participação de um docente, mesmo não sendo o autor do trabalho. Encontramos que apenas 50% dos trabalhos tiveram como autores alunos graduados, tal fato pode ter ocorrido porque os professores com titulação mais alta ficam como orientadores dos trabalhos, por uma questão ética em pesquisa. Foi encontrado que 16,6% tiveram como autores doutores e 16,6% mestres e o mesmo percentual para os mestres. Percebe-se que independentemente da titulação os docentes vem produzindo artigos científicos. Isso corrobora com o estudo de Cassiani e Passarelli (1999) que identificou que 18% das enfermeiras estavam envolvidas em atividades de pesquisa, sendo que as enfermeiras docentes tinham o maior número de pesquisa realizada. Os dados nos mostra que a pesquisa em enfermagem ainda precisa ser mais difundida pois concentra-se em autores com titulação de doutores e mestres.No gráfico 04 serão apresentadas as metodologias mais usadas nos artigos.
Dentre os estudos abordados 33,6%% apresentaram metodologia quantitativa, 50% metodologia qualitativa e apenas 16,4% quanti-qualitativa, observa-se na enfermagem um grande interesse no uso da abordagem qualitativa. O uso da abordagem metodológica qualitativa na área de enfermagem aumenta o entendimento dos profissionais acerca da totalidade dos seres humanos, sendo que dessa forma investiga-se a experiência de vida dos pacientes em cenários naturais. Diferencia as experiências únicas de saúde e de doenças dos pacientes, entender realmente o que se passa na vida das pessoas que estão ligadas a esse problema. (MARCUS; LIEHR, 2001). Esses dados vão ao encontro ao estudo de Silveira (2005) onde a maioria dos estudos investigados apresentaram abordagem qualitativa, seguido da abordagem quantitativa. Fato que nos chama atenção é que não foram encontrados trabalhos com abordagem quase experimental ou experimental já que na enfermagem existem possibilidades de realização desses delineamentos.
Considerações Finais
Esse estudo nos permite identificar as principais características das pesquisa que estão sendo realizadas em enfermagem oncológica e perceber suas implicações no tratamento dos pacientes com câncer.
A oncologia é uma disciplina que mantém um crescimento muito rápido, devido ao grande número de pessoas com câncer. Os artigos investigados nesse estudo mostram a importância da família e do enfermeiro no tratamento do paciente e também os principais fatores que contribuem para amenizar os problemas ocasionados pela doença.
Finalizando, afirmamos que este estudo apresenta limitações, pois não foram investigados trabalhos de dissertações e teses, contudo mostra uma tendência das pesquisas em oncologia no Brasil, mostrando os trabalhos mais atuais, delineando o tipo de método e a titulação dos autores.
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*Autor correespondente:
Ana Bruna Macêdo Matos, graduada em Enfermagem pela Faculdade leão Sampaio e Especialista em urgência e Emergência pela faculdades Integradas de cruzeiro - SP. E-mail: anabrunamacedo@hotmail.com.